Um plano museológico é um documento de gestão estratégica que define os conceitos, missão, visão, valores e objetivos de um museu, produzindo seus programas, projetos e ações, de forma a garantir o cumprimento da sua função política e social. O plano museológico é uma exigência legal para as instituições museológicas, de acordo com a Lei nº 11.904/2009.
O Primeiro Plano Museológico do Museu Transgênero de História e Arte tem validade de 5 anos e é uma escrita coletiva e inter/transdisciplinar, com conhecimentos da Museologia, História, Artes e Estudos da Performance. Seu desenvolvimento é um importante marco nos processos de institucionalização e legalização do museu, e um importante marco histórico para a população transgênera do Brasil e além, que pela primeira vez na história pode participar do planejamento de seu próprio museu, gerindo suas produções de memórias e artes e explorando o passado, o presente e o futuro do espaço e da comunidade.
A produção é uma definição das prioridades de ações e uma grafia das fragilidades da instituição. Para definir esse campo, o projeto lançou uma consulta pública com participação social de inúmeras organizações transgêneras do país, levantando projeções, fabulações, sonhos, desejos, sugestões, críticas, observações e outras contribuições para o planejamento do museu. Além disso, o projeto incentivou e acompanhou a formação do primeiro museólogo trans e negro do Brasil, Luan Apollo, e fortaleceu a aprovação da certificação do MUTHA como um ponto de memória pelo Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), o primeiro ponto de memória transgênero do país, dois outros marcos históricos para a comunidade.
O Plano do MUTHA também propõe uma renovação do campo museal do país, transformação impulsionada pela necessidade de superar limitações financeiras, físicas e temporais, colocando novos desafios institucionais, que vão desde a adaptação de políticas públicas até o desenvolvimento de novas metodologias com foco no virtual.
Este plano não é somente um direcionador para a prática museal, ele é uma manifestação do compromisso do museu com a democratização de acesso e com o direito à cultura por meio da identidade, da ação e da memória da população trans, representando um comprometimento ético com a preservação, a pesquisa e a comunicação do patrimônio cultural das pessoas gênero variantes do Brasil e além.
O presente plano museal foi dividido em quatro partes que procedem um tópico explicativo sobre sua Metodologia de construção. A primeira das partes apresenta o perfil institucional do MUTHA. Na segunda parte, apresentamos o planejamento conceitual do MUTHA. Na terceira parte, o Diagnóstico Institucional. Na quarta parte, elucidamos todos os Programas e Projetos do museu. Na quinta parte, estão as referências bibliográficas utilizadas neste trabalho e, na sexta, os anexos.