Meu nome é Fefa, tenho 27 anos, moro em São Paulo capital, e sou uma corpa em constante movimentação, transformação e que nunca está no mesmo lugar. A transmutação sempre foi uma presença dentro da minha existência, quando eu passo a me enxergar enquanto corpa que está fora das concepções cis-binárias que o mundo foi construído, eu começo a trabalhar com as minhas potências. A arte foi esse ponto de partida para que a minha expressão sobre em como caber nesse mundo ou expandir ou criar um espaço pra mim nele (ou também criar o meu próprio novo mundo) fosse possível. O trabalho que eu apresento nesse documento hoje se chama “Aonde Eu Estou Agora?”, uma obra musical composta e elaborada de uma forma muito curiosa e até mesmo imediatista por assim dizer, uma vez que todo projeto se originou da necessidade e urgência de expressar toda enxurrada de sentimentos e emoções que se reverberavam como resultado direto do processo de isolamento social perante ao estado de pandemia e quarentena. Não era um projeto que estava nos meus planos iniciais, porém eu dou valor a verdade e a minha própria voz, dou valor ao que eu sinto por ser um corpo real e que vive, então comecei a trabalhar nas composições para dar vida a toda essa gama de acontecimentos que vinham de mim de dentro para fora, numa espécie de movimento catártico e exponencial. Eu compartilho do pensamento de que arte é feita em coletivo, o papel sócio-politico-cultural do artista no país que vivemos e para além da própria arte, portanto a criação em conjunta é o alicerce de coletividades que resultam em redes de apoio, afetividade, carinho e respeito entra nossas corpas. Ao longo de todo período de produção da mixtape, eu convidei muitas artistas pra integrarem o projeto, todas nas quais seus trabalhos me atravessam muito. As minhas bases de pesquisa caminha com o questionamento, com a dúvida, e não com as certezas, não com o equilíbrio, uma vez que eu entendo que meu corpo está no conforto do desconforto da cisgeneridade, ser o ponto de interrogação crucial pra propor mudanças gradativas, ser um corpo. Eu trabalho criando seres híbridos, por também um ser um híbrido, então criar fusões com as minhas áreas de pesquisa e trabalho que são teatro, performance, música e outras potências nas quais minha corpa já caminhou e carrega, são os processos que me mantém viva, ativa, em movimento. Corpa estranha brasileira, transmutayviva e transmetaformo.
Aonde Eu Estou Agora?
Música
Ficha Técnica da Mixtape
Direção artística e concepção por Fefa
Produção audiovisual da equipe criativa Casa da Fefa
Gravação, mixagem e masterização por Brisalicia / Bixurdia
Direção artística, fotografia e filmagem por Zilmarc Paulino
Assistência de Arteprodução por Pablo Neves
Fashion (máscara e zentai) por Ellias Kaleb
“Aonde Eu Estou Agora?” é uma mixtape construída e composta com a participação das artistas Abstrat0, Del Toro, Cantuarioo, Albert Magno, Veni, Hafsa Terra, Bioncinha do Brasil, Zilmarc Paulino, Pablo Neves, Brisalicia e LAZA.
O Caminho da Cura
(Com participação especial de Abstrat0 – @abstrat0)
Produção musical por Abstrat0 (Piano e demais elementos)
Letra por Fefa e Abstrat0
(Fefa)
Caia sobre mim
Caia sobre mim
Caia sobre mim
Caia
Caia sobre mim
Caia sobre mim
A benção
A benção
Da glória
Da vitória
Da conquista
Do clamor
Da vitória
Da alegria
Da luz
Caia sobre mim
Caia sobre mim
Caia sobre mim
Caia sobre mim
(Abstrat0)
Com os pés soltos no ar,
Procuro palavras no vão da minha mente soltas no meu mar
Eu posso ser oceano mental,
De féu abissal fadada ao cataclisma metamórfico do meu corpo de água e sal
(À procura de um momento doce)
Sede de cura, a beira da alucinação
Estamos todas à procura quase em toda lunação
Desde o finito suspiro do nascimento ao caminho da morte,
Com um medo do sentir cair em esquecimento
E pensar que foi por pura sorte
Afinal sou corpo e pele, carne e osso, danço ainda à procura do chão
Imersa em Ondas carnais, procuro pelo cais que ancorei meu coração
Eu tenho mente, pulmão, sangue e solidão
O reflexo me cega, me torna turvo
Mais uma gota da minha íris pra somar ao mar, que remo em vão
Que seja sobre mim mas que não pese
(Que seja sobre mim)
Que ouçam o meu clamor e sirva de acalanto à qualquer dor,
Exista a vitória sob a sombra de quem não sou,
Que faça luz em sombras de um amor que mirrou
Olhe para si
Nunca fui de procurar antídoto
Sei que essa ânsia habita em mim
Mas a espera é longa, pode ser eterna
E o oceano de dentro sobre em marés de caos
Invadindo continentes em angústia, e o mar grita:
O tempo fez essa canção para invadir teu corpo, alma,
Essência e coração na esperança de que a cura exista
Resista
E ainda sim inundado, estou no caminho da cura
Nua
Tortuosa
Crua e Dolorosa
Por favor, me dê a cura
Por favor (Por favor)
Por favor (Por favor)
Por favor
Por favor, me dê a cura
Para consultas sobre vendas: muthabrasil@gmail.com