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MARIA LÉO ARARUNA

    Pertencente à coleção Moças de Bricolagem". [Escultura/doll; 36 cm] 2020 Ingredientes: - boneca barbie - balão - saco de lixo azul - linha amarela - cola - papel de chocolate - milho de pipoca - fita de cetim preta - miojo - tampa de remédio - palito de fósforo [1024x1280 px]

    NOME:

    Maria Léo Araruna

    LOCAL:

    Brasília-DF

    LINKS:

    https://www.instagram.com/marialeoararuna/?hl=pt-br

    https://www.transfuture.etc.br/maria

    BIOGRAFIA:

    Olá, eu sou a Maria Léo Araruna, 25, atriz, performer e escritora. Minha pesquisa artística envolve a criação de mundos e imaginários mitológicos os quais narram possibilidades criativas de (des) construção das identidades travesty e de seus processos de sociabilidade. Alimentando, assim, uma caminhada histórica de epistemologias formuladas por meio dessas corporalidades dissidentes.

    Durante os anos de 2018 e 2019, apresentei em diversos espaços culturais, tanto do Distrito Federal, quanto de outros estados brasileiros, a performance “Manifesto Trav(Eco)-Ciborgue”; a qual deu origem à peça de teatro “Transmitologia”, realizada em novembro de 2019. Também sou autora do livro “Bricolagem Travesti”, um compilado de contos, poemas e ensaios materializados a partir da dúvida irrespondível: “Como são fabricadas as travestis?”. Durante a quarentena, no ano de 2020, criei a coleção de esculturas/dolls “Moças de Bricolagem”. Foi uma forma de ampliar — material e plasticamente — a mitologia que criei no conto de nome homônimo ao meu livro. Na história, eu retrato uma comunidade mulheril composta de travestilidades múltiplas cujos corpos são feitos pela técnica da bricolagem; ou seja, um “faça você mesma, sem precisar ter qualquer especialidade”. As personagens da narrativa são formadas por meio de um acoplamento ocasional — uma gambiarra — de diversos materiais fortuitos, mas capazes de trazer individualidade e potência imaginativa a cada uma delas. O que é mais especial, para mim, nesse conto, é a noção coletiva dessa bricolagem, pois por mais que cada moça construa sua corpa a seu gosto, sempre há uma troca de materiais entre elas; sempre há uma interferência de uma na possibilidade corporal de outra. As esculturas/dolls ganharam o nome de “Bonecoñas”, uma brincadeira entre bonecona” e “coña”. O primeiro termo é variante de boneca, o qual é comumente utilizado para se referir às travestis. Pode, em alguns contextos, estar ligado a uma visão fetichista-masculina-pornográfica sobre nossas feminilidades, mas também pode traduzir um deboche — ao ser utilizado pelas próprias travestis para se autorreferenciarem — às violências das normas de gênero cisnormativas, as quais criam corpos naturais e artificiais. E, agora, a nomenclatura ganha vigor com essa produção artística ao ser reinterpretada pelos músculos sensoriais de uma travesti artista, a qual esculpe uma feminilidade-outra à boneca barbie “cisgênera”. Já o segundo termo traz, além de uma marca territorial latina a essa produção, os seguintes significados, em espanhol: “piada”, “sacanagem” e “brincadeira”. Concepções estas muitas vezes associadas às corporalidades travestis de maneira pejorativa, mas que, aqui, mais uma vez, ganha nova roupagem (literalmente) ao dialogar com uma necessidade erótica que fora negada na infância para mim e para muitas crianças transfemininas: brincar de boneca. Localizo, portanto, a criação das esculturas “Moças de Bricolagem” e do livro “Bricolagem Travesti” dentro de um movimento linguístico muito maior o qual eu gosto de chamar de “Gramática-trans”. Este seria um campo de vasta construção narrativa sobre as experiências trans; um espaço no qual busca nas possibilidades linguísticas instrumentos de libertação e potência; onde não há a intenção de se diagnosticar histórias verdadeiras e certas sobre transgeneridades, mas tensões capazes de produzir novas afetações e sensações ainda inomináveis; um espaço linguístico que visa um futuro incerto, incalculável em seus pormenores, mas consciente de seu continuum, de seu estado de acontecimento, de existência pelo gerúndio, daquilo que existe enquanto se faz, por meio da erotização, da intensidade, da percepção, da intuição e da experimentação; um território que une historicidade e imprevisibilidade, onde permite que as sensações e as criatividades produzam significados, os quais, por sua vez, saibam que sempre estarão prestes a se deteriorarem em novas experiências sensoriais.

    CURRÍCULO:

    • Performance:
    • *Manifesto Trav(Eco)-Ciborgue:
    • – “ExpoCuíer” em Manaus-AM (2019);
    • – “Festival Lacração de Performances” em Vitória-ES (2019);
    • – “Festival Iyalodês” em Goiânia – GO (2018 e 2019);
    • – “Encontro Feminista Latinoamericano – ELLA” em La Plata-Argentina (2019);
    • – “1º Festival Frente Feminina – FFF” em Brasília – artista convidada (2019);
    • – “Festival 1/4 de Cena” em Brasília – uma das três performances vencedoras do prêmio por parte do Júri Popular (2019).
    • Escritos:
    • *Livro Bricolagem Travesti – lançado pela editora independente Padê Editorial (2019) – autora;
    • *Livro Nós, Trans – Escrevivências de Resistência – lançado pela editora independente LiteraTrans (2018) – organizadora.
    • Artes Plásticas:
    • *Coleção de esculturas/dolls Moças de Bricolagem – sete (7) Bonecoñas (2020):
    • – “Exposição Transfuture*” em Brasília-DF (2020).

    OBRAS:

    COMO CITAR O MUTHA?

    O MUTHA é uma obra artística e um projeto científico autoral de Ian Guimarães Habib. Por esse motivo, o MUTHA deve ser citado junto de sua autoria, a partir da seguinte obra:

    HABIB, Ian Guimarães. Corpos Transformacionais: a transformação corporal nas artes da cena. São Paulo: Ed. Hucitec, 2021.