Nome: Dodi Leal
Local: Porto Seguro – BA
Links: https://linktr.ee/dodileal
Biografia:
Travesti educadora, performer e pesquisadora em Artes Cênicas. Profa. do Centro de Formação em Artes e Comunicação (CFAC) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro. Realiza estudos e obras artísticas de performance e iluminação cênica, perpassando por ações de crítica teatral, curadoria e pedagogia das artes. Em 2020 foi curadora da Encontra de Pedagogias da Teatra: afetividades do saber riscar e arriscar no Eixo Ações Pedagógicas da 7a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp).
Currículo:
Travesti educadora, performer e pesquisadora em Artes Cênicas. Filha de piauiense e de família de portugueses e espanhóis pobres imigrantes, nasci em São Paulo em 1984. Desde 2018 sou Professora do Centro de Formação em Artes (CFA) da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro/BA. Realizo estudos e obras artísticas de performance e iluminação cênica, perpassando por ações de crítica teatral, curadoria e pedagogia das artes.
Doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) – 2018, com estágio doutoral no programa de Doutoramento em Estudos Artísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, concentração na área de Estudos Teatrais e Performativos 2017-2018. Licenciada em Artes Cênicas (CAC/ECA/USP) – 2012. Habilitada em Cinema e vídeo no Baccalauréat interdisciplinaire en arts da Université du Québec à Chicoutimi (UQAC, Québec-Canadá) – 2010.
No contexto acadêmico de pesquisa e pós-graduação, sou docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais (mestrado profissional), PPGER/UFSB e docente colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Teatro da Universidade do Estado de Santa Catarina, PPGT/UDESC. Atuo como co-coordenadora do ‘GT Mulheres da Cena’ da ABRACE – Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. Atualmente sou líder do Grupo de Pesquisa ‘PEDAGOGIA DA PERFORMANCE: visualidades da cena e tecnologias críticas do corpo’ UFSB/CNPq e vice-líder do Grupo de Pesquisa ‘Protocolos de Convivialidade: performance, pedagogia e saberes anticoloniais’ UEM/CNPq.
Fui Visiting Scholar em: 1) Latinx Theatre Project Class at the Program of Spanish & Portuguese Studies of the Department of Languages, Literatures & Cultures of College of Humanities & Fine Arts of University of Massachusetts Amherst – United States of America; 2) Kontextuelle Malerei / Akademie der bildenden Künste Wien – Österreich (Contextual Painting course at the Academy of Fine Arts Vienna) – Austria; e 3) Universidad Autónoma Metropolitana – Unidad Cuajimalpa (México) / Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Espanha), com a palestra Transfeminismos en el arte latinoamericano, no quadro do Primer Encuentro de la Cátedra Pensamiento Situado – Arte y política desde América Latina.
Em 2020 fui curadora da Encontra de Pedagogias da Teatra: afetividades do saber riscar e arriscar no Eixo Ações Pedagógicas da 7a Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp), sob a coordenação de Maria Fernanda Vomero. Atuei como coordenadora de pesquisa-ação e como artista-educadora de teatro do Piá – Programa de Iniciação Artística da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo (2013-2016). Produzi no ano de 2017 o canal do Youtube De trans pra frente, projeto de diálogo e entrevista com pessoas trans.
No campo da produção artística, desenvolvi as seguintes obras: Iluminadora cênica da montagem teatral GOTA TRAVA, adaptação de Medeia, de Eurípedes, e da versão Gota d’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, pelo ILUMILUTAS/UFSB (2020). Dramaturgista da montagem ‘A Demência dos Touros’, da Cia. Teatro do Perverto – temporada no Teatro do Pequeno Ato, em São Paulo / SP (2017). Realizou a performance Tetagrafias em 2017 no Teatro Acadêmico Gil Vicente – TAGV (Coimbra / Portugal). Fui intérprete de dança da obra “Frouxos Cortes de uma Bixa Foucaultiana” pelo Coletivo do Dançamento, apresentada em mostra do Centro Cultural São Paulo (CCSP) em 2015. Fui performer da obra Transmutação da Carne, de Ayrson Heráclito, abrindo a exposição “Terra Comunal – Marina Abramović + MAI” no SESC Pompéia de São Paulo, em 2015. Desde 2019 sou orientadora de pesquisa e colaboradora do projeto Sarará Trans – sarau do protagonismo da negritude trans, idealizado por Khalil Piloto (PPGER/UFSB) e realizado pela Abayomí Casa de Cultura, um quilombo urbano na periferia de Porto Seguro / BA.
Em 2019 fui palestrante do MASP – Museu de Arte de São Paulo no programa MASP Professores | Mulheres nas artes: corpo, voz e criação, com curadoria de Amanda Carneiro. Participei da obra instalativa, em formato audiovisual, Desaquenda da artista travesti Vulcanica Pokaropa Costacurta Rodrigues, exibida no Memorial Meyer Filho em Florianópolis/SC (2019) e 36o. Panorama de Arte Brasileira: Sertão, realizado no MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo (2019). Fui modelo fotográfica da obra Abaixa que é tiro, de Camila Falcão que compôs a OLD – revista de fotografia colaborativa, n.70 (2018) e a ZUM Revista de Fotografia do Instituto Moreira Sales, #16 lançamento no IMS Paulista (2019). Compus a programação da Mostra CUS 10 anos, em roda de conversa Talk Show com Linn da Quebrada e Alan Costa (Afrobapho), festival organizado pelo NUCUS – Núcleo de pesquisa e extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e realizada no Goethe-Institut Salvador / BA (2017).
Sou autora dos livros teóricos: ‘LUZVESTI: iluminação cênica, corpomídia e desobediências de gênero’, Devires (2018) e ‘Pedagogia e Estética do Teatro do Oprimido: marcas da arte teatral na gestão pública’, coleção Pedagogia do Teatro da Editora Hucitec (2015); e do livro de poesias ‘De trans pra frente’, Patuá (2017). Co-organizei, juntamente com Marcelo Denny, o livro ‘Gênero expandido: performances e contrassexualidades’, Editora Annablume (2018). Organizei também o livro ‘Teatra da Oprimida: últimas fronteiras cênicas da pré-transição de gênero’, UFSB (2019).
Desde 2019 atuo como crítica teatral da Mostra Internacional de Teatro de São Paulo (MITsp), tendo escrito texto sobre os seguintes espetáculos: 1) CONTES IMMORAUX / PARTIE 1: MAISON MÈRE, DIREÇÃO: Phia Ménard, França | 2017; 2) The Gospel According to Jesus, Queen of Heaven, INTERPRETAÇÃO: Jo Clifford, Reino Unido | 2009; 3) BURGERZ, CONCEPÇÃO: Travis Alabanza, Reino Unido | 2018; 4) THE REPETITION. HISTOIRE(S) DU THÉ TRE (I), DIREÇÃO: Milo Rau, Bélgica | 2018; 5) ALTAMIRA 2042, DIREÇÃO: Gabriela Carneiro da Cunha, Brasil | 2019; 6) MANIFESTO TRANSPOFÁGICO. CRIAÇÃO, DRAMATURGIA E INTERPRETAÇÃO: Renata Carvalho, DIREÇÃO: Luiz Fernando Marques, Brasil | 2019; E 7) MDLSX, DIREÇÃO: Enrico Casagrande e Daniela Nicolò. INTERPRETAÇÃO: Silvia Calderoni, Itália | 2018.
Análise do fazer artístico
Meu trânsito pela criação teatral e performativa é inexoravelmente vinculado à arte-educação. E como curadora, busco a cura pela arte. Venho desenvolvendo projetos nos quais a experiência do corpo se desloca das requisições normativas. Com minha transição de gênero, em torno de 2016, pude fazer alguns mergulhos na pesquisa de gênero nos trabalhos ativados desde então, dos quais destaco: A Demência dos touros (dramaturgista), Gota Trava (iluminação cênica) e Tetagrafias (performance). Em 2018 me mudei para Porto Seguro para trabalhar na UFSB, sendo a primeira professora trans de artes do ensino superior público do Brasil, talvez ainda a única do mundo, infelizmente. Desde que vim para a Bahia, meu trabalho concentra-se em fortalecer, por intermédio de ações artísticas e pedagógicas, a população trans do Sul e do Extremo Sul do estado. Esta região, majoritariamente povoada por pessoas negras, está alheia do circuito cultural hegemônico do país e distante até mesmo da capital Salvador.
Obras: