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LARISSA CEMITÉRIO & LINO CALIXTO & XÃTANA XÃTARA

    larissa cemitério

    Artista multimídia carioca, atuando em São Paulo, adentrando em diversas áreas tais como perfomance, modelagem, produção dentre outras.

    lino calixto

    Lino Calixto é trans não-binárie prete paraense, trabalha como artista-pesquisadore, ator, performer, modele, arte-educadore e agente cultural. Como artista pesquisa o corpo e a estética em relação à tentativa de rompimento com os pactos coloniais e a construção de memórias disruptivas no imaginário coletivo. Desenvolvendo as bombas-narrativas e palhaçadas poéticas enquanto registros míticos de nossas vivências em disputa.

    xãtana xãtara

    Travesti indígena, 24 anos. Tem como foco de trabalho a decolonização dos corpos e da arte, numa possibilidade de retomada e resistência do contexto originário urbano.

    Onde Habita a Minha Pele

    Lino Calixto

    Trabalho nasce do encontro confinado de três artistas transvestigeneres que desvendam em suas trajetórias as narrativas gritadas pelos próprios corpos.

    Desvendar em si, no espaço e no outre a relação com o corpo e suas lutas e leituras. Ao vivermos em uma sociedade que estetiza nossa forma de ser para caber no cistema binário e opressor, destruímos aquilo que nos foi imposto e nos remoldamos para caber em nós mesmos com as ferramentas que encontramos pelo caminho. Em busca de nossa liberdade ainda caímos em novos aprisionamentos.

    Na quarentena, em solitude nos reencontramos e nos buscamos no escuro. E decidimos a cada dia como nos apresentar e nos moldar nessa guerra.

    S/título
    Fotografia: Rafa Kennedy 
    Direção/modelo: Larissa Cemitério
    Tamanho: 90 cm x 110 cm
    S/título
    Fotografia: Rafa Kennedy 
    Direção/modelo: Larissa Cemitério
    Tamanho: 90 cm x 110 cm
    S/título
    Fotografia: Rafa Kennedy 
    Direção/modelo: Larissa Cemitério
    Tamanho: 90 cm x 110 cm

    Vício

    Larissa Cemitério

    O corpo em que hAbito repleto de desejos repetitivos que degenera ou causa algum

    prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem; eu mesma.

     

    Assim como qualquer entorpecente venho por meio desta performance trazer a

    realidade dentre corpos trans viciados no desejo de parecer algo, trago a imagem

    desses que resolvem se envenenar por meio de hormônios.

     

    Caindo em um vício não só físico como psicológico. Entre seringas e comprimidos,

    vivendo de forma “artificial” justamente por causa de uma sociedade plástica,

    tentamos a todo tempo e buscamos com desejo e gana o pertencimento, uma

    imagem, alimentando não a nós mesmas e sim uma sociedade que nos cobra isso

    a todo tempo; o de se parecer pra pertencer, o de se parecer para de fato ser. E de

    carro em carro, atrás do dinheiro do meu vício, eu sigo mais uma vez, ganhando o

    mínimo possível pra suprir a necessidade do meu corpo viciado.

     

    Sendo empurradas à isso para nos enquadrarmos e conquistarmos o mais próximo

    possível a um corpo binário; mas a noite, no escuro, essas questões sempre caem por

    terra. Costumo dizer que a luz do dia é a maior julgadora de nossos corpos. Nossos

    corpos não são aceitos a luz do dia, a luz natural, só na luz artificial entre quatro

    paredes que foi o lugar em que sempre nos colocam. Quando o meu processo de

    entendimento ficou mais claro sobre o que de fato eu era, eu passei a viver no breu,

    esse mesmo breu que me conforta, me esconde e que me acolhe. Afinal a noite, tudo

    é possível, você pode ser quem quiser, sem julgamentos, sem precedentes.

    Em contra partida, não serei hipócrita a ponto de dizer que abomino o uso dessas

    substâncias, até por que eu mesma faço uso, mas venho mostrar por meio deste ato a

    auto-multilação que somos obrigadas à nos submetemos desnecessariamente em

    busca de um corpo estereotipado sempre nos obrigaram a ter.

     

    Por fim fazendo uma terapia hormonal, que pra mim é um vício como qualquer outro,

    se não pior… Fazendo com que tenhamos medo e disforias do nosso próprio corpo,

    medo de enfrentar uma sociedade que nos mata, mas também nos procura o tempo

    inteiro.

    xãtana xãtara
    xãtana xãtara
    xãtana xãtara
    xãtana xãtara
    xãtana xãtara
    xãtana xãtara
    xãtana xãtara
    xãtana xãtara
    xãtana xãtara

    Para consultas sobre vendas: muthabrasil@gmail.com

    COMO CITAR O MUTHA?

    O MUTHA é uma obra artística e um projeto científico autoral de Ian Guimarães Habib. Por esse motivo, o MUTHA deve ser citado junto de sua autoria, a partir da seguinte obra:

    HABIB, Ian Guimarães. Corpos Transformacionais: a transformação corporal nas artes da cena. São Paulo: Ed. Hucitec, 2021.