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HADASSA GOMES BÔBÔ

    CONEXÕES GLOBAIS

    Africane santomense, naturalizade brasileire, não-binárie, artiste transdiciplinar. É designer de moda (FICA), técnica em processos fotográficos (IFPR) e mestranda em Estudos de Linguagens: Estéticas Contemporâneas, Modernidade e Tecnologia (UTFPR). Dentro de suas pesquisas, se movimenta com a intenção de criar expressões estéticas de pertencimento que dialoguem com os processos de sua corpa em (constante) autodescoberta, tendo como principais temáticas: memórias afetivas, espiritualidade, ancestralidade, autonarrativas e subjetividades negres.

    O dia em que tentaram afogar mu alima
    Ilustração
    Materiais: Marcador e nanquim sobre canson
    Tamanho: 30 cm x 42 cm
    Ano: 2021
    A obra retrata um momento da minha infância, no qual me empurraram em uma piscina, e eu não sabia nadar. Aqui eu discuto memória e espiritualidade, formas de sobrevivência e transmutações do meu corpo-espírito. Compreendendo as possibilidades de existências dentro e também fora d’água.
    Feitiçaria poética:
    Hoje me senti aladada, como se todas as partes do meu corpo tivessem milhares de pequenas asas. Hoje, mais uma vez, vi Atlântida em todo seu esplendor, e entendi que tinha chegado a minha hora. Hoje eu deixei de ser cauda e virei mar.
    Quiromancia
    Ilustração
    Material: Nanquim e pastel oleoso sobre canson
    Tamanho: 30 cm x 42 cm
    Ano: 2020
    Ilustração feita a partir dos meus estudos em quiromancia, construindo a minha própria poética através do que se tratavam as linhas das palmas das minhas mãos, especialmente a linha da vida.
    Seriam as linhas trêmulas de minhas mãos, uma grande cápsula do tempo? Na insistente vontade de prever o futuro, as minhas órbitas internas me fizeram esbarrar em desventuras e delícias do passado. Na construção das minhas certezas, restaram apenas algumas migalhas. Mas eu jamais poderia dizer que as minhas galáxias não foram contaminadas.
    O trauma não caminha em linha reta
    Fotografia e Ilustração
    Material: colagem
    Tamanho: 1080 x 1080 pixels
    Ano: 2020
    Penso o trauma como uma espiral, o qual afeta todos os outros aspectos da minha vida. Em certos momentos, não tenho como conter as suas proporções. Nesse sentido, é preciso entender que o fogo é transmutador: ele tem o poder de destruir, mas também o de criar. Só quem nasceu da boca de uma serpente é capaz de compreender que o fogo também é movimento.
    Valquíria
    Ilustração
    Material: Técnica mista sobre canson
    Tamanho: 30 cm x 42 cm
    Ano: 2020
    Este é um feitiço-homenagem à Valquíria, uma moça que a minha mãe conheceu quando criança. Valquíria foi criada por uma família cristã, privada de muito. Em certo momento de sua vida, acabou sendo enganada pelo seu futuro ”marido”. Depois disso, ela ficou ”mal falada” (como se a culpa fosse dela). O bairro nunca mais teve notícias dela. Esta minha criação foi uma forma de homenagear não apenas a Valquíria, mas todes que foram estigmatizades, ferides, silenciades pela moral brankkka cristã e cisheteronormativa.
    Eu, museu
    Colagem
    Material: Técnica mista sobre páginas de um livro de história
    Tamanho: 2339 x 1512 pixels
    Ano: 2020
    Criação de um museu pessoal, pensado a partir da questão de quais narrativas adentram certos espaços de “arte”. Dei a mim mesme a oportunidade de compartilhar sobre a minha própria linhagem e ancestralidade, a partir de mim- brincando/investigando com o conceito de (cura)doria.
    me vejo parada encarando o teto e a porta. estou no meio. nem dentro, nem fora. as portas se fecham, mas no céu se abre uma cratera que promete chuvas de meteoros por todo o meu corpo celeste. não sei se quero passar pela porta, mesmo que esta maliciosamente me prometa abrigo. prefiro os meteoros: o que mais pode acontecer quando a fúria também abraça o caos? se o céu não descer, continuarei nos escombros – e eu cansei dos porões: não tem sol. meu passo, meio trôpego, chuta a porta. movimento involuntário. a porta era de vidro estava fechada. quem é que cura? quem faz curar? quem estanca a dor nos processos de cura? por que eu deveria entrar, se sempre estive dentro? – práticas (cura)doriais.
    um livro de história, uma vontade de contar outras histórias; duas fotos de um trabalho em que tirei nota “C”; rosto de quem é sangue do meu sangue. sigo curando.
    Vermelho como o Cabelo de minha mãe
    Fotografia
    Material: colagem
    Tamanho: 1080 x 1080 pixels
    Ano: 2020
    Colagem feita para o aniversário da minha mãe. Propositalmente, as imagens estão fora da ordem cronológica: o objetivo foi o de representar a sua multiplicidade e expansão. A energia, história de minha mãe, bem como a sua conexão com a arte e suas próprias veredas, fazem acrescentar anos de sabedoria em minha trajetória. Presente, mesmo, é poder chamá-la de mãe todos os dias.
    Legenda do Instagram: Mãe, que honra poder te chamar assim. Que honra poder te chamar de amiga, de bruxa, de rainha, de força da natureza, pois cê é tudo isso! Do tanto que eu sei (e ainda assim é pouco), a vida lhe proporcionou um zilhão de bifurcações em seu caminho: algumas dessas foram boas, e outras nem tanto. Mas toda essa jornada te trouxe até aqui, até hoje, onde as minhas irmãs e eu podemos estar vivendo, aprendendo, sendo nutridas pelo seu amor, carinho, compreensão, beijos matinais, apelidos diferentes e todas os outros detalhes que fazem parte da nossa rotina, e dizem tanto sobre quem você é. Eu sei que uma postagem só mostra um tiquinho de todo o amor que eu carrego aqui, mas não poderia jamais deixar de celebrar a sua vida. Se eu pudesse, eu modificaria um tanto de situações; você viveria em realidades outras, pois a sua dor é, de uma certa forma, a minha dor também. Mas é a vida… E a nossa sorte é poder encontrar forças para criar as nossas próprias formas de existência. Feliz novo ciclo! Feliz mais um ano de vida! Continuo desejando dias imensamente alegres e cheios de momentos arrebatadores. Lhe desejo saúde e realizações de sonhos. Desejo, na mesma medida, muito afeto, café, céu azul e tudo o que essa vida – e quem sabe, as outras – possam lhe proporcionar. Obrigada por nos presentear com a sua vida, a sua arte, a sua voz que cantarola toda manhã com suas histórias, sua sabedoria, sua sensibilidade, seu entusiasmo quase infantil e que nos inspira. Obrigada pelas caminhadas (desde pequena), pelas idas e vindas na rua, pela loucura e pela presença. Obrigada por sonhar junto, correr junto, chorar junto e acima de tudo, lutar junto. Meu coração transborda de alegria em poder te ter comigo! Eu te amo, te vejo, te respeito.
    Flêsê
    Fotografia/Vídeo
    Tamanho: 1080 x 1080 pixels
    Ano: 2019
    Flêsê, em forro/santome, significa: ‘’Oferecimento. Ritual no qual o bêbê é oferecido espiritualmente para receber proteção divina quando crescer’’ (DICIONARIO aki). Nesta obra, escrevo uma carta à mim mesma, à minha criança interior, para que nós (todas as partes de mim) possamos nos lembrar dos processos e das formas; lembrar que sempre reencontramos forças, que não estou sozinha; lembrar de confiar nos mistérios e/das proteções divinas. Tudo isso implica o lembrete de que também preciso confiar em mim.
    O dia em que fotografei uma bruxa
    Fotografia
    Tamanho: 780 x 975 pixels
    Ano: 2020
    Um acúmulo de histórias. Agradecer as próprias bagunças, ressignificar o conceito de casa, recuperar o poder. Fotografar a minha mãe nos últimos dias em nossa quinta morada, rumo a nossa sexta. Honrar as finalizações de nossos ciclos, são sempre pequenos rituais – transmissão de feitiçaria.
    ‘’Recuperar a palavra ‘bruxa’ é recuperar o nosso direito, como mulheres, de sermos poderosas. Ser uma bruxa é estar identificada com nove milhões de vítimas do fanatismo e do ódio e de sermos responsáveis por moldar um mundo no qual o preconceito não faça mais vítimas.” – A Dança Cósmica das Feiticeiras.
    O dia em que fotografei uma bruxa
    Fotografia
    Tamanho: 780 x 975 pixels
    Ano: 2020
    Um acúmulo de histórias. Agradecer as próprias bagunças, ressignificar o conceito de casa, recuperar o poder. Fotografar a minha mãe nos últimos dias em nossa quinta morada, rumo a nossa sexta. Honrar as finalizações de nossos ciclos, são sempre pequenos rituais – transmissão de feitiçaria.
    ‘’Recuperar a palavra ‘bruxa’ é recuperar o nosso direito, como mulheres, de sermos poderosas. Ser uma bruxa é estar identificada com nove milhões de vítimas do fanatismo e do ódio e de sermos responsáveis por moldar um mundo no qual o preconceito não faça mais vítimas.” – A Dança Cósmica das Feiticeiras.

    Para consultas sobre vendas: muthabrasil@gmail.com

    COMO CITAR O MUTHA?

    O MUTHA é uma obra artística e um projeto científico autoral de Ian Guimarães Habib. Por esse motivo, o MUTHA deve ser citado junto de sua autoria, a partir da seguinte obra:

    HABIB, Ian Guimarães. Corpos Transformacionais: a transformação corporal nas artes da cena. São Paulo: Ed. Hucitec, 2021.