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AMANDA ARAÚJO

    CONEXÕES GLOBAIS

    Amanda Araújo, Travesti, Artivista, Comunicadora Social, 26 anos, Brasileira, Migranta, residindo em Barcelona a 4 Anos. Multiartista, artística-multifacética, flexível a novas formas de expressar arte, emoções, sentimentos, reflexões, sobretudo questionamentos políticos.

    Bailarina, Performer, Modelo, Atriz, Poetisa, Compositora, Cantora e vou me descobrindo… Artista independente desde criança, acredito que a arte é um lugar de expressão. Minha prioridade hoje na arte é a narrativa política. Por ser pessoa Trans, imigrante e vir de uma família que se relaciona com políticas públicas desde sempre, da periferia do nordeste do Brasil (Aracaju – SE), entendi que necessito aproveitar minha voz e me posicionar.

    Desde então, através de minhas experiências com a cultura Hip-Hop de Barcelona, entendi o Rap como ferramenta de reflexões sócio-políticas de maneira artística e intimista.

    Ativismo interseccional: minha noção da necessidade de colaborar com um novo imaginário, de-colonial, desconstruindo-o com novas narrativas, novo conceito de sociedade. Prezo para que, no meu trabalho, Arte & Política caminhem juntes!

    Meu compromisso é ser parte da grande mudança dessa antiga & atual realidade.

    Atualmente atuo com o rap (AKA “Transbap”), solo e em coletivos, por eventos urbanos & socioculturais, jams de Poesia, castings de modelos, performances em eventos e discotecas de espaços mistos. Também realizo trabalhos pessoais de audiovisual, e junto a uma equipe de amig@s vamos criando materiais de foto e videodocumentário a longo prazo. No futuro pretendo lançar uma ou algumas biografias desde minhas perspectivas de vida fora da norma.

    “A revolução está em curso – que façamos parte dela.”

    Decisão ou depressão
    Fotografia: Jordi Otix
    Ano: 2021
    Local: Barcelona
    Viver dentro do armário é deixar de viver e apenas existir!
    Viver dentro do armário é como viver no deserto do vazio, da solidão!
    Nas estatísticas de suicídio e depressão de pessoas Trans, “viver dentro
    do armário” (expressão utilizada para referir a pessoa LGBTQIA+ que
    tenha sua identidade, afetividade, linguagem corporal, genitais que não
    corresponda com as regras da sociedade e desde então se sentem
    na obrigação de omitir sua diferença, ou viver essas vivencias digamos
    que de maneira “mais discreta”), seria um dos fatores de risco dessas
    estatísticas alarmantes.
    Representatividade e empoderamento são muito importantes nesse
    período de descobrimento, assim como ter referencias e entender sobre
    si mesmo e entender que a diversidade é a natureza, é vital e saudável.
    No mundo onde nos querem mortas, mortos, mortes…
    …Sair do armário é ainda hoje colocar nossas vidas e liberdade em jogo!
    Sair do armário é colocar a normativa colonial em contradição, é
    denunciar esse “Cis-tema” Hetero-Patriarcal Cis-Sexista.
    Sair do armário é ato de resistência, é ato político!
    Quanto vale uma corpa?
    Fotografia: Jordi Otix
    Ano: 2021
    Local: Barcelona
    A Transfobia é estrutural e institucional!
    Me mantenho da prostituição e desde minha perspectiva pessoal+
    pesquisa: muitas das mulheres Travestis & Transgênero se sentem
    obrigadas a ocupar o cargo de trabalhadora sexual como única opção, já
    que as oportunidades no mercado laboral lhes são negadas e a
    mentalidade Cisgênera não é educada e preparada para conviver com
    corpas Transvestigênere!
    Muitas de nós só conseguimos oportunidades laborais por conta da
    Passabilidade- expressão que utilizamos para nos referir a pessoa Trans
    que na leitura social é lida como uma pessoa cis-gênera e muitas vezes
    passa despercebida no ato de Transfobia.
    No Brasil, pais que mais mata Travestis & Transgêneros, estima-se que
    95% das Mulheres T. ocupam a Prostituição. Aqui na Espanha, não
    sendo diferente, estima-se que 85% dessas mulheres tem a prostituição
    como única opção.
    Existe um processo histórico e político de migração de mulheres Trans
    para abastecer o mercado sexual na Europa, sendo a maioria delas
    brasileiras, pioneiras de esquinas e de câmbios sociopolíticos históricos.
    Essas são sequelas também deixada pelo colonialismo.
    Os números de desemprego e a prostituição, também são combustível
    para as estatísticas de suicídio e depressão de pessoas Trans.
    Brasil pais que mais mata corpos Trans em todo o mundo, mas também
    o país que mais consome a pornografia Trans no ranking mundial nesses
    mesmos períodos.
    Na maioria das autópsias, os laudos constatam que os assassinos
    mantiveram relações sexuais com as vítimas antes do crime. A maioria
    dessas corpas são de Trans-femininas afro-brasileiras.
    Misoginia, disforia, culpa católica, ódio reprimido, medo ao espelho, ao
    pau, ao pecado, tesão vestido de saia. Hipocrisia!
    A prostituição é o trabalho mais antigo.
    Se existe quem cobra é porque existe quem pague.
    Alugo minha corpa para sobreviver, eles pagam para estuprá-la sobre
    meu consentimento porque tem o poder.
    Estatística é crime e mata!
    UNDERTRAVESTIGROUND
    Fotografia: Jordi Otix
    Ano: 2021
    Local: Barcelona
    Século XXI, 2021. Ser travesti e sair na rua ainda é ato político!
    Literalmente as pessoas ainda não estão preparadas para dividir
    espaços com pessoas Trans, já que esses espaços não são pensados
    para nossa ocupação.
    Nos espaços públicos, como por exemplo no metro, se nota a estrutura
    normativa, os olhares, a curiosidade, a vontade de aprisionar a um rotulo:
    prisão binária.
    Ou em lugares de disputa territoriais, quando justificam suas ignorâncias
    com a ideia de que queremos roubar protagonismo, quando na verdade
    o que não querem mesmo é perder os seus privilégios, já que privilégios
    só existem se os não estiverem sendo privilegiados.
    Penso que a minha ocupação vai além da minha disponibilidade, humor
    e segurança para sair na rua…
    …Serei representatividade, querendo ou não!
    Então serei A referência de empoderamento e superação para meus
    iguais!
    “Meu eu do passado, abriu portas para que o meu eu do presente abra
    portas para o meu eu do futuro”.
    Terrorismo de gênero
    Fotografia: Jordi Otix
    Ano: 2021
    Local: Barcelona
    Gênero é construção social!
    Essa ideia Binária-Cisgênera como um padrão, parte
    da educação doutrinada, baseada em “Adão & Eva” e toda a história
    contada na Bíblia, porém a diversidade deixa claro que corpos são
    plurais e não singulares.
    E que estamos aqui a 10000000 A.C. só que, assim como nossos
    ancestrais, nossos livros de história também foram queimados, em um
    processo de apagamento genocida, que nos invisibiliza até os dias
    atuais.
    Através da arte vou ressignificando a opressão a minha corpa
    Transgressora, e com minha anatomia Trans vou performando ou
    hackeando pelas ruas, transitando em fatos, em fotos, serei A do asfalto
    gritando que…
    … “A corpa é livre.
    O gênero é livre
    A afetividade é livre
    O genital é livre”

    Para consultas sobre vendas: muthabrasil@gmail.com

    COMO CITAR O MUTHA?

    O MUTHA é uma obra artística e um projeto científico autoral de Ian Guimarães Habib. Por esse motivo, o MUTHA deve ser citado junto de sua autoria, a partir da seguinte obra:

    HABIB, Ian Guimarães. Corpos Transformacionais: a transformação corporal nas artes da cena. São Paulo: Ed. Hucitec, 2021.