Monique Huerta nasceu em São Paulo, 1998. É bacharel em artes visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Sua pesquisa gira em torno de objetos de encaixe em suas conectividades não binárias e a possibilidade da escultura como potencial vivo de contato. Investigações acerca da passivo-agressividade e do embate de forças são lugares pensados dentro da linguagem da instalação, escultura e vídeo arte. A criação de um universo macio e ao mesmo tempo perverso flerta com a ludicidade de um passado onírico que não parece pertencer ou encaixar, e é habitado simultaneamente por feridas agressivamente terrenas ou sexuais.
Eu não gosto de brincar assim
Videoperformance
Vídeo full HD
Tamanho: 00:05:56 minutos
Ano: 2019
Ao investigar dentro de meu processo o potencial do corpo escultórico de assumir um lugar enquanto criatura, fiz testes e reproduzi sensações para/com estes seres. Os objetos de encaixe querem caber em outras situações, espaços e neles mesmos. Em alguns momentos, a exacerbação de uma sexualidade latente (até mesmo perversa, pois são tocados e manuseados com total submissão) é explorada como espectro dentro deste jogo de bonecos. Esta assombração de perversidade nasce da manifestação de uma ferida que para mim nasceu na infância.
Em tom lúdico, uma ação invasora do universo macio conduz a encenação da quebra de sua inocência. A brincadeira se torna sádica: esta sexualidade é instaurada por uma mão que se apossa do controle. A perversidade do toque guarda a passividade de um segredo.
Seres que se acariciam em uma catarse de objetos.
Estudo para defesa de ninhos
Instalação
Material: Cerâmica, tecido e espuma
Tamanho: dimensões variáveis
Ano: 2019
Eu, a casca e a coisa
Vídeoperformance
Video full HD
Tamanho: 00:13:39 minutos
Ano: 2021
13 minutos de Saturno devorando seu filho.
Moldo este objeto corpo com minhas mãos. Ele encaixa em meu colo, encaixa em meus braços, meus seios e pescoço. O encaixe é afetuoso, e o afeto assusta. Devoro aquilo que criei, destruo a vontade e permito que ela me inunde por instantes. Me deslumbra a autonomia de um corpo e suas estratégias de deseducação. O afeto e o ódio residem em polos diferentes da mesma escala.
Começar a se entender enquanto corpo não binário/trans é questionar esse corpo. Para explorar outras formas de vivenciar a corporalidade busco o grotesco, o animalesco, para afirmar que meu corpo é voraz. Me interessa muito mais então, que ele seja percebido assim, enquanto corpo animal, do que percebido na caixa do gênero. Que ele seja percebido por suas práticas e por suas ações, pelo vir a ser. Me interessa que estas práticas regurgitem uma certa noção de normatividade, que elas não abracem, mas que as estranhem.
2 cotovelos aninhados
Escultura
Material: Gesso e tecido
Ano: 2021
A busca pelo lugar do íntimo me intriga, pelo micro universo. Utilizo cantos de 90 graus pois acredito que estes lugares acumulam energia: tantas são as memórias de intimidade acolhidas pelo canto. Como diz Bachelard, “só habita com intensidade aquele que soube se encolher”. A ficção da escultura existe de forma quase teatral, como um choque entre mundos. Essas criaturas se esgueiram pelos cantos, procurando lugares de encaixe.
Pensar no ninho e no casulo como lugar de proteção, é também assumir que existe algo que o corpo habitante precisa ser protegido de: algo como o mundo exterior. Proteção é uma ferramenta entre o ataque e a defesa, um lugar de passivo-agressividade utópico. O ninho é o lugar natural da função de habitar, “voltar” fisicamente ao lugar onde habitamos é também uma ação metafórica para um “regressar” a este mundo onírico.”
Para consultas sobre vendas: muthabrasil@gmail.com