Guilhermina Augusti, artista plástica, estudante de audiovisual e filosofia. O trabalho propõe uma experiência atravecada enquanto uma possível cosmovisão de mundo, através de signos da feminilidade enquanto incorporações de uma experiência de realidade não violenta, enquanto um outro caminho que não seja os fluxos de uma cosmologia da brancura, para com isso criar formas de permanência, consciência, memória e subjetividade numa perspectiva positiva.
objetos cibernéticos e transexualidade: um desvio político
O corpo e o sistema sexo-gênero, determinações naturais acerca de propriedades éticas e morais caem com o ciborgue.
O atravecamento incomoda as formas de natureza/cultura. Também se coloca enquanto uma forma possível, uma conexão entre o objeto corpo e tecnologia, uma abertura de sujeitos, agentes, sistemas e territórios. Inventivos enquanto formas tecnológicas de vida. Estilhaça: por conta do acontecimento discursivo que emerge e se inscreve no objeto corpo,ao significado que damos a esse objeto construído por meio de tecnologias e materialidades que foram desenvolvidas por fontes de interpretação em seus respectivos pesos históricos e tecno-orgânicos, o ciborgue marca o desvio político.
Podemos entender o ciborgue como a própria transformação da forma-sujeito do sexo-gênero na qual a própria ideologia que disjunge corpo e alma funciona ‘contra e sobre si mesma’, sustentando novas possibilidades de práticas políticas. – Haraway
Contrapondo a falácia naturalista do corpo, o atravecamento das personagens identificadas com características cibernéticas, assim como transexuais se constrói a partir de suas próprias experiências e vontades no processo de elaboração de seu corpo, transexuais constroem suas identidades a partir das mudanças de aparência e dos modos de vida discursivos que se opõe a estrutura social normativa construímos a nós por meio de um desvio: o político, e nesse sentido as transexuais criam uma via subversiva, entre as possibilidades tecno-orgânicas, cibernéticas.
Identidades não-naturais, pois, natureza é alienação:
natureza é alienação
as identidades não-naturais são aquelas que não estão na falácia naturalista, que é embasamento para questões de imaginário social, linguagem, e a universalidade das coisas que tornam alguns signos tidos como naturais, ou seja, aquilo que é e faz por nascimento, por natureza. as classificações das coisas de bom ou mal, se dá de acordo com as valorações do nosso sistema.
A “falácia naturalista” é cometida por qualquer teoria que procure definir a ética em termos naturalistas. – Moore
a falácia naturalista procura acima de tudo corrigir o não-natural, aquilo que se desvia, curva-se. ela confunde o dever ser, com há liberdade de ser. a falácia naturalista já foi (e ainda é) embasamento para teoria eugenista, que se levantava em termos biológicos para discursos de cunho racista. a falácia naturalista hoje é facilmente presente em discursos acerca da transexualidade, na qual se levanta por termos biológicos para classificar o que você não é, por natureza. celebramos as coisas não-naturais, sejamos aquelas cuja estão na não-concordância. pois natureza é alienação.
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